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Antropologia e História: a Antopologia do final do século XIX e Inicio do XX


No  campo  da  Antropologia,  dava-se  então  a  organização  de  um  novo  saber  que  extrapola os gabinetes e vai a campo, tentar entender a complexidade das muitas sociedades por meio da observação. O pesquisador compreende,  a  partir  desse  momento  que  ele  deve  deixar  seu  gabinete  de  trabalho,  para ir compartilhar  a  intimidade  dos  que  devem  ser  considerados  não  mais  como  informadores  a  serem questionados, e sim como hóspedes que o recebem e mestres que o ensinam. Ele aprende então, como aluno atento, não apenas a viver entre eles, mas a viver como eles, a falar sua língua e a pensar nessa língua, a sentir suas próprias emoções dentro dele mesmo. 

Trata-se, como podemos ver, de condições de estudo radicalmente diferentes das que conheciam o viajante do século XVIII e até o missionário ou o administrador do século XIX, residindo geralmente fora da sociedade indígena e obtendo informações por intermédio de tradutores e informadores: este último termo merece ser repetido. Em suma, a antropologia se torna pela primeira vez uma atividade ao ar livre, levada, como diz Malinowski, `ao vivo', em uma `natureza imensa, virgem e aberta'. Esse trabalho de campo, como o chamamos ainda hoje, longe de ser visto como um modo de conhecimento secundário servindo para ilustrar uma tese, é considerado como a própria fonte de pesquisa. 

Orientou a partir desse  momento  a  abordagem  da  nova  geração  de  etnólogos  que,  desde  os  primeiros  anos  do  século  XX, realizou estadias prolongadas entre as populações do mundo inteiro. Vale a pena apontar então para algumas distâncias e disputas, uma vez que História e Antropologia se viam como as ciências de seu tempo e, de certo modo, como a principal das Ciências Humanas e Sociais.

O resultado fundamental da pesquisa de campo é o despertar de realidades desconhecidas no senso comum, especialmente no senso comum acadêmico. Elas não valem apenas pelos dados que levantam, mas pelas formas como interpelam uma dada realidade. Mesmo porque no campo tudo deve ser anotado: desde os materiais constitutivos das casas até as notas de melodias cantadas pelos Esquimós, e isso detalhadamente, e no detalhe do detalhe. Tudo deve ser objeto da descrição mais meticulosa, da retranscrição mais fiel (por exemplo, as diferentes versões de um mito, ou diversos ingredientes entrando na composição de um alimento). 

As piadas de um contador são tão importantes quanto a mitologia que expressa o patrimônio metafísico do grupo. Em especial, a maneira pela qual as sociedades tradicionais, na voz dos mais humildes entre eles, classificam suas atividades mentais e sociais, deve ser levada em consideração. Isso constitui em tornar-se um trabalho mais fiel e minucioso em sua constituição. Com o uso das tecnologias, esses estudos de campo tem sido transmitidos por meio de artigos, narrativas descritivas e filmes, o que favorece a expansão desses conteúdos, por exemplo, o uso de ferramentas como o you tube e outras.

No que tange ao interesse da antropologia urbana, essa consiste na compreensão do fenômeno urbano, mais especificamente para a pesquisa da dinâmica cultural e das formas de sociabilidade nas grandes cidades contemporâneas. As reflexões provenientes da antropologia fecundaram a História Urbana: essa história é bastante dinâmica e esteve interessada ao longo de todo o século XX nas formas pelas quais as cidades chegaram a ser o que são, o que começa com os adensamentos urbanos da parte final da idade média e se potencializa na modernidade, em especial após a revolução industrial. 

Da mesma forma ampliou entre os historiadores a consciência de que é preciso entender a cidade de diferentes pontos de vista dos projetistas e construtores, do Estado interessado em questões de segurança pública, dos moradores de diferentes estratos sociais, bairros, etc. Também busca a modificação na distribuição e na forma de seus espaços públicos, nas suas relações com o espaço privado, no papel dos espaços coletivos e nas diferentes maneiras por meio das quais os agentes (moradores, visitantes, trabalhadores, funcionários, setores organizados, segmentos excluídos, “desviantes” etc.) usam e se apropriam de cada uma dessas modalidades de relações espaciais.

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